A Associação de Jogadoras Profissionais de Padel decidiu boicotar o Campeonato de Espanha de Padel por considerarem que foram enganadas pela Urban Event, a empresa à qual a Federação Espanhola de Padel (FEP) cedeu a organização do evento que se realiza no Centro Wizink.
Embora a distribuição dos prémios fosse idêntica, com 30 000 € para os dois pares de vencedores, o Urban Event atribuiu um prémio fixo de 5 000 euros aos jogadores masculinos melhor qualificados, a fim de garantir a sua presença no torneio.
Os jogadores, incentivados, estarão lá, mas a competição feminina será agridoce. O conflito levou Pedro San Román, antigo jogador e CEO da Urban Event, a apresentar a sua demissão e as suas desculpas a todas as jogadoras envolvidas.
“Descobrimos tudo por trás e levantamo-nos. Agora temos peso suficiente para podermos tomar a decisão, mesmo que seja uma vergonha. Tivemos de fazer o sacrifício para o bem das mulheres e levantar a voz em algum momento”, diz Patty Llaguno, oitava no ranking mundial e destinada a ser uma das estrelas do torneio, em conversa com o jornal “El Mundo”.
“As queixas do grupo de jogadoras estão limitadas a uma iniciativa que surgiu na empresa organizadora do Campeonato Espanhol de Padel, Evento Urbano, com o objetivo de encorajar a participação de certos jogadores através de contribuições financeiras privadas”, dizem fontes da Federação Espanhola de Padel, isentando-se de responsabilidade no conflito.
A FEP rejeitou as pressões e ameaças que, de acordo com esta organização, alguns dos jogadores que decidiram participar no torneio estavam a receber. “Exigimos o fim da pressão desproporcionada e dos avisos intimidatórios que estes jogadores estão a receber”, disse a Federação.
Embora a empresa organizadora do torneio, que não faz parte da Federação Espanhola, tenha procurado uma solução para evitar tal imagem, e a pressão tenha terminado com a demissão do responsável, já não tinha qualquer utilidade: “Reconheceram o seu erro e quiseram distribuir o orçamento oculto só porque nos tínhamos apercebido disso. Já não era o dinheiro em si, mas o facto em si”, argumenta Llaguno.
Com a decisão firme e apoiada pelas próprias marcas patrocinadoras dos jogadores, o resultado deixa o torneio derreado. As jogadoras estão a dar um golpe na mesa que elas esperam que seja o primeiro passo para uma mudança definitiva. “Queremos ser positivas porque acreditamos que será um efeito dominó. Não é uma boa notícia para o desporto, mas com todos unidos numa associação de jogadores e jogadoras não há como parar isto”, conclui Patty Llaguno esperançosa para um futuro melhor.